Há um reconhecimento universal de que um dos principais fatores no crescimento socioeconômico e na sua dinamização é o investimento em processos de inovação. Isso vale especialmente para nações “emergentes” como o Brasil. Nesse sentido, em meio a tantas notícias ruins, o Brasil pode se orgulhar de ter apresentado melhora em sua posição no último índice anual de inovação (Global Innovation Index), publicado no segundo semestre de 2020, saltando quatro posições (atualmente está no 62º lugar no ranking, entre 131 países avaliados), ocupando o quarto lugar na América Latina – ainda que o cenário de desenvolvimento de capacidade tecnológica ainda esteja longe do ideal, como aponta este estudo. Neste contexto, os parques tecnológicos ganham proporção cada vez maior no país.
Ao todo, segundo dados da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o Brasil possui 43 parques tecnológicos em operação e 60 nas fases de implantação e em projeto; destes, 36 na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), 25 em biotecnologia; e 22 na área de energia – os três principais temas de interesse dos parques. Mas, afinal, o que são parques tecnológicos? Se o cenário que você pensou é o das mega empresas de tecnologia do Vale do Silício, é melhor deixar o imaginário dos filmes de lado. Os parque tecnológicos são bem mais do que um conglomerado de empresas da área de TIC. Eles exercem uma função vital nos ecossistemas locais de inovação e no fomento à produção, pesquisa e empreendedorismo inovador.
A Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) encomendou recentemente a criação de uma metodologia de classificação e avaliação dos parques tecnológicos no Brasil, com o objetivo não apenas de pensar em estratégias de desenvolvimento, mas de otimizar a alocação de recursos públicos na criação e manutenção destes. O projeto, encabeçado pelo Grupo de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (Geopi/Unicamp), contou com a coordenação de três membros do InSySPo: Bruno Fischer, Paola Schaeffer e Camila Zeitoum. O relatório foi concluído e enviado ao ministério no fim de 2020.
Dentro do propósito de fornecer uma metodologia para classificar e priorizar o fomento por parte do governo em parques tecnológicos, o relatório acaba por quebrar algumas noções comuns associadas a estes, como a ideia de que a implantação massiva deles, por si só, é capaz de gerar um boom socioeconômico na região onde estão situados. Para tanto, incorpora-se, dentre as dimensões avaliadas pela metodologia, aspectos relativos às condições do ecossistema onde o parque se encontra e seu alinhamento produtivo e com as políticas públicas locais. “O parque não tem como objetivo ser o principal elemento de promoção do desenvolvimento regional. Ele aparece como um importante dinamizador de algo que já está se estabelecendo”, alerta Zeitoum. O investimento em parques sem planejamento ou consideração para com a vocação e o grau de desenvolvimento locais, bem como a disponibilidade de recursos humanos qualificados, pode produzir os famosos “elefantes brancos”, que trazem amplos déficits aos cofres públicos.
Leia a matéria completa de Guilherme C. Silva na página do InSysPo.