O Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica completa 35 anos em 2023. Para celebrar a data, um evento comemorativo em novembro no auditório Milton Santos do Instituto de Geociências (IG) reuniu professores, alunos e ex-alunos para debater a relevância do Programa na formação e na carreira profissional e no desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do país.
Criado em 1988, o PPG-PCT, ligado ao Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT), tinha como foco inicial o estudo dos processos de produção da ciência e da tecnologia e seu impacto na sociedade. Ao longo dos anos, o programa incluiu questões relativas à inovação em seus estudos, tais como seu processo de geração e difusão e as implicações para os países em desenvolvimento. Nesses 35 anos, o PPG-PCT formou mais de 470 pessoas.
A mesa de abertura do evento de celebração foi composta pelos docentes Raquel Meneguello, pró-reitora de pós-graduação; Lindon Matias, coordenador de pesquisa do IG, representando o diretor Márcio Cataia; André Furtado, atual coordenador do PPG-PCT; Marko Monteiro, coordenador de pós-graduação do IG; e Janaina Pamplona da Costa, chefe do Departamento de Política Científica e Tecnológica.
Raquel Meneguello ressaltou a relevância do PPG como um programa interdisciplinar e a importância cada vez maior da área de ciência e tecnologia (C&T), especialmente no período recente, por tudo que o país e o mundo vêm enfrentando. Lindon Matias ressaltou a relevância do PPG como um programa interdisciplinar, sabendo das dificuldades inerentes que isso apresenta, mas que o DPCT tem realizado sua missão com primazia. Janaina Pamplona agradeceu o apoio da diretoria do IG para a realização do evento e a todas as pessoas envolvidas para que o mesmo ocorresse, assim como os integrantes da mesa.
A segunda mesa do dia foi formada pelos docentes do DPCT André Furtado e Marko Monteiro e conduzida por Maria Beatriz Bonacelli, docente e aluna da segunda turma do PPG, que coordenou as mesas 2 e 3. Furtado falou sobre a história do Programa, sediado num Departamento interdisciplinar, que teve como expoentes Amílcar Herrera, Tamás Szmrecsány, Renato Dagnino, o próprio André Furtado, Leda Gitahy, Sandra Brisolla, Hebe Vessuri, Maria Conceição da Costa e, posteriormente, Léa Velho, reforçando a área de Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia. Faziam parte desse grupo, Sergio Salles-Filho, Sérgio Queiroz, Jorge Tapia (já falecido) e posteriormente Ruy Quadros de Carvalho, que contribuiu para a criação da área Gestão da Ciência, Tecnologia e Inovação.
André Furtado apontou ainda a relevância da interdisciplinaridade, marca maior do PPG-PCT, que apresenta desafios, mas o coloca numa posição privilegiada para entender a C&T no país e na América Latina. Finalizou sua fala lembrando que a diversidade das áreas do conhecimento na formação dos docentes é um diferencial do Programa, o que viabiliza a pluralidade na formação dos estudantes. Bonacelli reforçou algumas palavras de Furtado, como a cooperação, há cerca de 10 anos, com professores da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) que integram o PPG-PCT.
Monteiro lembrou a pandemia da Covid e fez menção a Matheus Henrique de Souza Santos, aluno do 3º. ano de Doutorado em PCT, que morreu em decorrência da Covid em março de 2021. Ele relembrou as dificuldades de se conduzir a coordenação e a avaliação quadrienal da CAPES nesse contexto de pandemia e como a Covid desestruturou muitas atividades da pós-graduação. Mencionou o papel da reflexão sobre PCT para pensar os efeitos da Covid na ciência e na democracia, explicitando como ambos são indissociáveis, e de como muitos desafios à PCT da época continuam no tempo presente.
A mesa 3 trouxe dois ex-alunos do Programa: Anapatrícia Vilha e André Rauen. Anapatrícia Vilha, professora da Universidade Federal do ABC, falou sobre como a formação em PCT foi importante para que ela construísse sua carreira na área da gestão da inovação, com várias experiências profissionais, como na Agência de Inovação da Universidade Federal do ABC (UFABC) e, mais recentemente, na Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP). André Rauen, da Agência Brasileira Desenvolvimento Industrial (ABDI), discorreu sobre a contribuição dos diferentes docentes do PPG em sua formação interdisciplinar e para o entendimento multidimensional dos problemas enfrentados no país, incluindo um período muito crítico, que foi a discussão sobre “encomenda tecnológica” para a vacina contra a COVID-19. Comentou, por fim, que a interdisciplinaridade é um desafio muito presente e que a nova geração terá o papel de manter o espírito interdisciplinar nos próximos anos, acomodando as diferenças inerentes.
O evento finalizou com uma reflexão sobre como o Programa e a própria Política Científica, Tecnológica e de Inovação do país devem ser considerados nos próximos anos, ponderando sobre as questões mais urgentes no curto e médio prazos.
Por Eliane Fonseca Daré, com informações de Janaína Pamplona.
Fotos de Victor Antonioli Velozo