O Instituto de Geociências da Unicamp (IG) completou 45 anos. Em 21 de setembro de 1979, Amilcar Oscar Herrera assinou o termo de compromisso que deu início à história da Unidade - referência em Geografia, Geologia e em Política Científica e Tecnológica. O Instituto celebrou a data com sua comunidade e convidados, renovando seu compromisso de ser uma instituição de vanguarda, formando profissionais de excelência e conduzindo pesquisas de impacto global.
Na sessão solene das comemorações, que ocorreu em 19 de setembro, a coordenadora geral da Unicamp e reitora em exercício, Maria Luiza Moretti, destacou a característica multidisciplinar da Unidade em seus cursos de graduação e de pós-graduação. “O Instituto é reconhecido por suas pesquisas e pela formação de seus alunos, mestres e doutores que levam nossa universidade a todos os cantos desse país e fora do país também”, disse. A docente salientou tal característica ao se lembrar da vinda de Rosaly Lopes, pesquisadora da NASA que atuou como cientista residente do Instituto de Estudos Avançados (Idea) da Unicamp através de parcerias de pesquisa estabelecidas com Alvaro Crosta, ex-coordenador geral da Unicamp e docente aposentado do IG. Ela também lembrou que, logo que assumiu a coordenadoria, visitou o IG para saber mais sobre o acervo de rochas e animais pré-históricos, além de conhecer um dos laboratórios que realiza pesquisa sobre o pré-sal. “Eu tinha uma ideia completamente diferente do era o pré-sal. Aqui pude entender o que é e o que representa para nosso país”, completou.
Na mesma sessão, o diretor do IG, Márcio Antônio Cataia, lembrou a relevância da construção coletiva da Unidade, tais como a construção do novo prédio, o aumento de vagas na graduação, a mobilização e implantação das cotas, a consolidação dos quatro programas de pós e as pesquisas desenvolvidas. “Outro desafio que vem sendo colocado é a curricularização da extensão, que envolve grandes esforços dos cursos de geologia e geografia”, disse. O diretor associado do IG, Emilson Pereira Leite, destacou que o Instituto vem se consolidando desde sua formação como um centro de excelência em pesquisa, ensino e inovação, tornando-se um pilar essencial das geociências no país. Lembrou Amilcar Herrera, geólogo por formação que integrou ciência, política, tecnologia e sociedade para constituir o IG. “Sua visão interdisciplinar moldou a identidade do nosso Instituto, unindo diversas áreas do conhecimento para buscar enfrentar grandes desafios científicos e sociais”, afirmou.
Um dos destaques da celebração dos 45 anos foi a presença de Cristina Herrera, filha de Amilcar Herrera, que citou em sua fala a importância que seu pai deu à constituição do Centro de Pós-Graduação Latino-Americano em Política Científica e Tecnológica no IG. “Ele considerava que a América Latina tinha potencialmente todos os recursos necessários para adquirir uma capacidade tecnológica e científica comparável àquela dos países mais desenvolvidos, mas que para isto era necessário, em primeiro lugar, estabelecer justamente quais seriam os objetivos econômicos, sociais e políticos desejáveis de serem alcançados”, disse.
Durante as celebrações, ocorreram palestras ligadas às áreas de pesquisa do IG; mesa com chefes dos Departamentos de Geografia (DGEO), Geologia e Recursos Naturais (DGRN), e Política Científica e Tecnológica (DPCT); atividades organizadas por discentes da graduação e da pós-graduação; café da tarde dos funcionários; e uma apresentação do coral Zíper na Boca.
Exposição “Memórias Encontradas Entre a Solidariedade e a Perseguição”
A história dos fundadores do IG é intimamente ligada à história da América Latina. Por isso, durante as celebrações dos 45 anos foi inaugurada a exposição “Memórias Encontradas Entre a Solidariedade e a Perseguição”, que recupera a história de homens e mulheres que ingressaram na Embaixada da Argentina em Santiago (Chile) em 11 de setembro de 1973 em busca de refúgio durante o golpe de Pinochet.
A exposição é resultado da parceria do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Brasil e da Comisión Provincial por la Memoria da Argentina e já passou pela Argentina, Uruguai e Chile. Uma das organizadoras da exposição no IG é Leda Gitahy, docente aposentada que viveu em exílio no Chile, junto com um dos fundadores do IG, Bernardino de Campos.
As fotos e os documentos expostos foram produzidos por agências policiais de inteligência da Argentina para registro, controle e vigilância dos que ingressavam no país e também dos que ajudavam. No tempo em que estará exposta na Unicamp, receberá a contribuição do coletivo Linhas de Sampa e peças da artista Fulvia Molina.
Texto: Eliane Fonseca Daré | Fotos: Paulo Rufino e Eliane Fonseca Daré