Um grupo de alunos do Instituto de Geociências da Unicamp ligados ao capítulo estudantil da Associação Americana de Geólogos de Petróleo (AAPG) apresentou conceitos de geociências para estudantes do Núcleo de Ação Social (NAS) em Barão Geraldo e da Escola Técnica Estadual Vasco Antônio Venchiarutti (ETECVAV) de Jundiaí. As atividades ocorreram em outubro durante a Semana de Ciências da Terra, que é uma ação internacional promovida pelo Instituto de Geociências Americano (AGI) desde 1998 visando a difusão da relevância das geociências na sociedade. O objetivo da semana é ajudar as pessoas a terem um melhor entendimento das pesquisas em temas de Ciências da Terra e suas aplicações e relevâncias para a rotina diária de suas vidas. Letícia Correa, que é aluna de mestrado do IG, vice-presidente do capítulo estudantil AAPG Unicamp e membro do capítulo de jovens profissionais da AAPG no Brasil, foi a coordenadora das atividades promovidas nas duas instituições visitadas. O grupo da Unicamp propôs 4 atividades práticas e ministrou 4 palestras.
No NAS de Barão Geraldo 25 crianças de 9 a 12 anos participaram de aulas sobre a evolução da Terra explicada por meio da Paleontologia. “Fizemos uma atividade prática lúdica na qual tentamos fazer com que os alunos fossem paleontólogos por alguns minutos. Colocamos areias em potes e enterramos imagens de fósseis de dinossauros impressas em papel cortadas em várias partes para que as crianças escavassem, encontrassem e reconstruíssem”, conta Letícia. Os alunos foram instigados a pensar no que esses seres comiam, onde viviam, como se comportavam. Segundo mestranda do IG, a atividade foi muito bem recebida.
Já na ETEC de Jundiaí, 210 alunos de 2º e 3º anos de ensino médio integrado ao técnico participaram das atividades. “Focamos em assuntos que poderiam cair no vestibular”, conta Letícia. Desta forma, dois temas foram propostos: desastres naturais e geologia e recursos naturais. “Sobre desastres naturais, tentamos abordar de um modo que saíssemos do âmbito mundial até fazê-los refletir sobre o que acontece na região metropolitana de Campinas. Tentamos explicar alguns eventos principais, como a diferença entre enchente, alagamento e inundação, o problema da seca no país, deslizamento de terra. Falamos também sobre Brumadinho e Mariana”, destaca. Segundo Letícia, após a palestra, os alunos foram convidados a participar de um quiz. Dois grupos com quatro integrantes cada responderam perguntas sobre temas apresentados na palestra, além de uma questão da Fuvest, uma da Unicamp e uma de um concurso público. “Cada vez que um grupo acertava, a torcida de um ou outro vibrava. No fim, todos participaram”, comemora Letícia.
Já sobre geologia e recursos naturais, o grupo da AAPG Unicamp focou nas questões sobre água e petróleo. “Explicamos como é formado o ciclo da água e como a água fica armazenada em profundidade nos aquíferos. Também falamos sobre a formação do petróleo e como funciona o sistema de exploração e produção petrolífero”, conta Letícia. Sobre esse tema, os alunos foram convidados a participar de um experimento sobre permeabilidade e porosidade com diferentes materiais, pensando-se em um aquífero e um reservatório de petróleo. Os docentes do IG Alessandro Batezelli e Alexandre Vidal emprestaram amostras de rochas sedimentares que compõe um sistema petrolífero para a execução de uma atividade prática com os alunos ao final da palestra.
Para Alessandro Batezelli, que é professor orientador do Capítulo na Unicamp, a participação dos alunos do IG na Semana de Ciências da Terra é de extrema importância em vários aspectos. “Primeiro pela divulgação da ciência de uma forma geral. Existe sempre uma preocupação em mostrar para a sociedade o que fazemos dentro da universidade. Essas oportunidades, além de conscientizar a sociedade, conscientizam outros alunos a terem a mesma postura. É importante que cada vez mais incentivemos esse tipo de atividade dos alunos para que eles disseminem essa cultura e, dessa forma, tornem a ciência mais acessível à população”, diz o professor do IG. Outro ponto importante destacado pelo docente é a possibilidade do aluno colocar em prática os ensinamentos científicos adquiridos da Universidade, o que permite uma melhor assimilação de conceitos e elaboração de novas formas de entender a ciência. “Uma coisa é escutar na sala de aula; outra, é passar essa informação. Há todo um processo de aprendizado. Todos que participam dessas atividades de divulgação acabam tendo que estudar um pouco mais e tendo que aprender a passar as informações para os outros. Esse processo é enriquecedor”, ressalta Batezelli.
Participaram das atividades 8 alunos de graduação em Geologia e 4 de pós-graduação. Foram organizadores das atividades os alunos Letícia Corrêa (coordenadora); Luiz Eduardo Gonçalvez; Heitor Kazuo; Pietro Nunes; Jairo Gabriel da Silva; Maria Paula Pivi; Leonardo Godoi; Henrique Almeida. Foram auxiliares os alunos Taynah Rebelo (presidente do Capítulo); Letícia Araújo; Ian Cerdeira; Fernando Vieira. “Foi gratificante. Gostaríamos de ter ido a mais lugares, mas achamos que atingimos um número bom de pessoas. Foram 242 nos 4 dias de atividades. Saímos felizes com a experiência”, finaliza Letícia.
Por Eliane Fonseca
Fotos: arquivo AAPG
Publicado em 19/11/2019