Quem diria que um passeio de bicicleta em um dos parques mais frequentados de Campinas - distante 150 quilômetros do litoral - culminaria com a descoberta de que o território ocupado atualmente pelo município abrigou um oceano há cerca de 600 milhões de anos. Em 2020, o professor do Departamento de Geologia e Recursos Naturais do Instituto de Geociências (IG) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Wagner Amaral, decidiu passear de bike no Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, onde avistou uma rocha que chamou a sua atenção. Ele, que tem doutorado na área de pesquisas de rochas, pegou o martelo que carrega sempre quando sai de casa e coletou uma amostra para analisar a sua composição. Após as análises nos laboratórios da Unicamp, o professor conclui que se trata de uma rocha oceânica com ao menos 626 milhões de anos, ou seja, essa rocha foi formada no fundo de um oceano. Isso indica que há mais de 600 milhões de anos atrás, o cenário em Campinas era muito diferente do que é atualmente. Ao invés do solo repleto de árvores e animais terrestres, essa porção de terra era o fundo de um oceano com peixes e demais animais marinhos.