Uma roda de conversa promovida pela Pró-Reitoria de Graduação marcou o primeiro encontro da Coordenação de Graduação do Instituto de Geociências com os alunos indígenas que cursarão Geografia e Geologia na Unicamp. O evento, que ocorreu na quinta-feira, 21, na Casa do Lago, faz parte da recepção indígena da Universidade. Todos os 68 aprovados receberam instruções sobre disciplinas e apoios disponíveis na Universidade. Português e matemática serão ofertadas como eletivas. Em seguida, cada Unidade conversou individualmente com os alunos ingressantes.
Além do coordenador de graduação, Wanilson Luiz Silva, e da coordenadora associada, Adriana Maria Bernardes da Silva, participaram também desse encontro a docente Maria José Maluf de Mesquita, do Departamento de Geologia e Recursos Naturais, Josefina Steiner, secretária de graduação, e o aluno Caio Gusmão Ferrer, aluno de Geografia que integra a equipe de monitores da recepção indígena. Os alunos, docentes e funcionários se apresentaram e falaram de suas expectativas. A troca de conhecimentos e de experiências também foi um importante ponto discutido. O coordenador de graduação falou sobre como a vinda de alunos indígenas para o Instituto permitirá essa troca. “Os cursos de Geologia e Geografia têm muitos assuntos ligados às comunidades indígenas, como a ocupação territorial, a questão ambiental, a mineração e a legislação, que está tentando abrir caminhos para explorar territórios indígenas. O IG ganha bastante com a vinda deles”, disse Wanilson.
O desafio de docentes e dos estudantes em geral diante da chegada desse primeiro grupo é conhecer o que é o universo indígena no Brasil. “Conhecer de uma forma mais cuidadosa, com mais envolvimento, tendo uma maior dimensão do que é a complexidade das etnias do país, das resistências das lutas indígenas. Essas etnias que estão chegando trazem um conjunto de novos conhecimentos e valores”, apontou a coordenadora associada de graduação. Ela ressalta também a possibilidade de novas abordagens de pesquisas e de novos problemas levantados para a realidade brasileira em que os indígenas estão situados. “A expectativa é que seja uma experiência riquíssima para todos nós”, avaliou Adriana.
Micheli Ricardo Paiva é a única mulher do grupo de seis alunos que vai iniciar os estudos na graduação do IG. Ela deixou uma filha de dois anos com o marido e os avós em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, para realizar um grande sonho: cursar Geologia. “Sempre quis fazer esse curso, mas nunca tive oportunidade. A adaptação vai ser difícil, mas vai ser uma experiência muito boa para mim. Eu quero fazer história aqui”, disse. Micheli conta que vai tentar trazer a família para Campinas no final do ano. Enquanto isso não acontece, mantém contato por vídeo chamada. Os outros cinco alunos vêm de São Gabriel da Cachoeira, de Mato Grosso do Sul, da região do Xingu no Mato Grosso e da região de Bauru, no interior de São Paulo. Dois alunos cursarão geografia integral, dois geografia noturno e dois geologia.