No dia 5 de dezembro é comemorado o Dia Mundial do Solo, data esta instituída pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que visa promover o debate e a conscientização sobre o uso e manejo adequado dos solos, destacando-se também os efeitos de impacto causados pelo seu uso e ocupação.
Os solos cumprem diversas funções ecossistêmicas, abriga a biodiversidade e participa de ciclos biogeoquímicos. É fundamental para a produção de alimentos, combustível e fibras. Serve de base para edificações e demais estruturas, ademais, pode preservar registros históricos do uso e ocupação humana, revelando transformações no ambiente ao longo do tempo.
Apesar do reconhecimento de sua importância e compressão de seu uso como recurso finito, a conservação dos solos tem sido negligenciada estando à margem das pautas de discussão e conscientização ambiental.
De acordo com IldegardisBertol, diretor da divisão de uso e manejo do solo da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBSC):
“A população em geral pouco se preocupa com as consequências da ação predatória do homem sobre o solo. Normalmente, ela foca em problemas climáticos e as consequências sobre a água. Esses problemas são amplamente divulgados e comentados pela grande mídia nacional. No entanto, a população não se dá conta de que o solo é o único recurso natural que sustenta a vida na terra e que se encontra em condições críticas quanto à sua preservação e conservação, também porque a mídia não trata disso”
Neste contexto, o LABPED promoverá o I Seminário Solos, Ambiente e Sociedade: diferentes perspectivas das alterações antrópicas nos solos e suas dinâmicas. Propõe-se promover o debate sobre a importância do gerenciamento sustentável dos solos, relacionando os impactos causados pelo uso e ocupação com desencadeamento de processos erosivos, movimentos de massa e alterações das propriedades físico-químicas dos solos.
O evento ocorrerá no dia 5 de dezembro de 2019, na sala IG220 do Instituto de Geociências da Unicamp. Convidamos para as discussões a professora Dra. Selma Simões de Castro e os professores Alfredo Borges de Campos, EstéfanoSenemeGobbi e Francisco Sergio Bernardes Ladeira. Serão realizadas duas palestras, uma mesa redonda e apresentação de seminários apresentando as linhas de pesquisa do Laboratório de Pedologia (LabPed) do Instituto de Geociências da Unicamp.
CRONOGRAMA DE APRESENTAÇÕES
I Seminário Solos, Ambiente e Sociedade
Ementas
Palestra
Palestrante: Profa. Dra. Selma Simões de Castro
Título: Uso dos solos e erosão - uma abordagem teórica e metodológica
Resumo:A erosão do solo continua sendo o maior impacto ambiental em área no planeta, sendo considerada por vários autores e pela FAO, como o principal responsável pela degradação dos solos, que hoje atinge cerca de 30% dos solos agricultáveis do mundo. A erosão afeta as funções do solo, em especial os serviços ecossistêmicos por ele prestados e a sustentabilidade dos sistemas agrícolas e, não raro, dos urbanos, em muitas regiões do mundo. Frequentemente, o uso e manejo dos solos são apontados nas pesquisas como os principais indutores do processo, sobretudo em solos e relevos frágeis, mas não exclusivamente. Igualmente que seus efeitos in site e off site são notáveis e deletérios, tanto socioambiental como socioeconomicamente. Há vários tipos de erosão, mas a hídrica nos interessa em particular porque vivemos em região tropical. A hídrica pode ser laminar ou linear. A laminar é bastante estudada, mas a linear nem tanto. No Brasil, subdivididos em sulcos, ravinas e voçorocas e no mundo, geralmente denominados simplesmente de gullyerosion, os focos erosivos lineares de médio e grande porte são os de maior impacto e de custos de recuperação mais elevados, muitas vezes intransponíveis para os proprietários rurais e para a gestão territorial estadual e municipal. A erosão hídrica linear será o foco da palestra, ancorada em metodologia geoespacial de base física para sua avaliação e fartamente ilustrada com exemplos, tanto de áreas rurais como urbanas. Será enfatizada como uma alternativa para um melhor entendimento das variáveis espaciais que condicionam o processo e cujos resultados podem ser mais rápidos do que no passado, além de permitirem uma identificação rápida das áreas prioritárias para ações de controle, tanto corretivas como preventivas.
Palestra
Palestrante: Prof. Dr. EstéfanoSemeneGobbi
Título: Classificação de solo, ocupação da terra e áreas de risco no litoral paulista
Resumo: A partir de análises de campo é possível identificar que a ação humana é influenciada e influenciadora do manto de alteração pedológico, não podendo ser desconsiderada para a classificação de solos nem para a ocupação da terra. A abordagem será realizada considerando perfis de solo descritos em Ubatuba, Caraguatatuba e Santos, no litoral do estado de São Paulo.
Mesa redonda
Mesa: Campo e cidades: influências antrópicas na alteração de propriedades dos solos
Palestrante: Francisco Sérgio Bernardes Ladeira
Título: Solos em Áreas Urbanas: conceitos e impactos
Resumo:Por muito tempo os solos em áreas urbanas foram completamente ignorados pela Pedologia, nem sequer aparecendo nos mapeamentos pedagógicos. Nas últimas décadas este fato vem sendo modificado, com a formação de diferentes grupos de pesquisa em todo o mundo e a inserção destes solos nos sistemas de classificação, especialmente na WRB da FAO. Este fato teve como gerador especialmente o fato de solos urbanos serem quase sempre serem contaminados, seja por metais pesados seja por compostos orgânicos. Além disso nas áreas urbanas é cada vez mais comum o uso de brownfields e a prática recente de agricultura nestes solos.
Palestrante: Alfredo Borges de Campos
Título: Solos em áreas úmidas: dinâmica natural e impactos do uso agrícola
Resumo: O Brasil é conhecido mundialmente pela abundância de águas superficiais e subterrâneas. Grandes sistemas fluviais drenam o território nacional aos quais se associam importantes áreas úmidas, como por exemplo, o Pantanal e as várzeas do rio Amazonas e seus tributários. Essas áreas desempenham um importante papel ecológico e sua manutenção é fundamental para o meio ambiente. Áreas úmidas e solos associados a estas têm sido impactados por atividades agrícolas com consequente degradação ambiental. Nesse seminário serão abordados aspectos relativos aos impactos do uso agrícola nos solos em áreas úmidas com ênfase em ambientes tropicais e exemplos brasileiros.