O docente do Instituto de Geociências Roberto Greco está participando de um projeto cujo objetivo é pesquisar a biodiversidade das abelhas nativas da Caatinga e a sensibilidade desses seres a vários tipos de agrotóxicos. Na segunda quinzena de janeiro Greco esteve em Petrolina (PE) para o workshop “Abelhas e Produção Agrícola: a Bioeconomia do Vale do São Francisco”, organizado pela Unicamp, pelo Centro de Conservação e Manejo da Caatinga (Cemafauna Caatinga) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), e pela Universidade de Cardiff, do Reino Unido. O evento reuniu criadores de abelhas, produtores de mel, agricultores, extensionistas e pesquisadores.
Manga, maracujá, melão e acerola são algumas das frutas produzidas no vale do São Francisco que dependem da polinização por abelhas. Em 2019 o Cemafauna de Petrolina, preocupado em descobrir o motivo da morte de abelhas na região, identificou a presença de pesticidas na cutícula desses insetos. Essa presença, no entanto, não foi suficiente para ser relacionada à causa da morte desses seres. Estudos mais aprofundados são necessários para entender o que está causando o sumiço das abelhas.
O docente do IG compõe uma equipe internacional e interdisciplinar de dois projetos financiados pelo Global Challenge Research Funding (GCRF), do Reino Unido, e pela Fundação de Ciências e Tecnologia, de Portugal, que permitirão entender a sensibilidade das abelhas nativas para os vários tipos de agrotóxicos utilizados na região. Serão realizadas coletas em fazendas convencionais e orgânicas utilizando como controle as áreas preservadas com o bioma natural da Caatinga. Estudos de laboratório determinarão a sensibilidade aos agrotóxicos e testes genômicos fornecerão informações sobre a relação entre os pesticidas e o comportamento e a saúde das abelhas.
“Esses projetos têm uma estreita relação entre pesquisa e extensão. O engajamento da população é fundamental nesse tipo de trabalho e, nesse caso, temos condições ideais com um interesse e uma participação muito forte da comunidade, a partir dos agricultores. Acompanharei mais de perto essa interação com a sociedade pelo meu interesse de pesquisa em ensino e comunicação da ciência”, destaca Greco, que é coordenador de Extensão no IG.
Além do docente da Unicamp, participaram do workshop em Petrolina os pesquisadores Patrícia Avello Nicola e Aline Andrade, do Cemafauna - UNIVASF; e Nuno Ferreira, Pablo Orozco-terWengel e Carsten Müler, da School of Biosciences, da Universidade de Cardiff.
A cada seis meses serão realizados encontros e workshop com a população e entrevistas com agricultores e apicultores da região. “O comportamento e a sensibilidade das abelhas serão fundamentais para propormos alternativas que minimizem os impactos nessas populações de insetos”, informou Greco.
Por Eliane Fonseca
Com informações de Roberto Greco