O docente Diego Ducart, do Departamento de Geologia e Recursos Naturais do IG, vai expor pinturas junto com a artista Amanda Victória Franciscon no Espaço Cultural Casa do Lago da Unicamp.
Local: Casa do Lago / Unicamp
Data: 4 a 27 de julho
Coquetel de inauguração: 4 de julho, 17h.
Endereço: Av. Érico Veríssimo, 1011, campus de Campinas
Leia abaixo o relato de Diego Ducart e a apresentação de sua obra:
“A pandemia de Covid-19 foi um evento catastrófico para o mundo, mas talvez o efeito causado na saúde mental das pessoas seja muito maior do que estimamos. O estresse, medo e ansiedade que vivemos nesse período tão longo de tempo acabou provocando mudanças, talvez permanentes, no nosso comportamento e modo de viver. Eu experimentei todas essas mudanças mais algumas a mais, resultando em algo inesperado.
Eu tinha uma rotina “normal”, com minha profissão de geólogo e professor do Instituto de Geociências da Unicamp. Nunca tive interesse em pintura, e nunca foi um visitador assíduo de museus e galerias de arte. Minha única formação mais próxima à arte vem de um curso técnico de fotografia profissional que fiz em 1994, na época que somente existia a fotografia analógica. No entanto, dois eventos sacudiram minha cabeça no final de 2020: duas cirurgias seguidas na base do crânio para retirar um tumor justo no momento mais crítico da pandemia. E aí vem o resultado inesperado: a partir desse momento, eu comecei a sentir um desejo incontrolável de pintar. De forma autodidata, comecei a pintar e meu interesse e paixão pela pintura cresceram de forma exponencial. Minha obra, em pouco tempo, começou a ter uma personalidade própria.
Nesta exposição “Cronicas de uma fuga inesperada”, apresento algumas pinturas originais autorais com estilo Neo-impressionista contemporâneo criadas desde 2021 ao presente. A obra a expor relata os sentimentos vividos durante a viagem de fuga da minha mente num tempo de muita incerteza. A viagem é cheia de cores; em constante busca pela liberdade, esperança, paz e tranquilidade; lugares geralmente distantes, vazios e misteriosos; lembranças nostálgicas; saudades próprias de um imigrante em terras tropicais; momentos simples e danças felizes; ou tristes lembranças de tangos escutados na infância; além de algumas escadas para sair da escuridão. A pandemia passou, mas a arte, além de salvar nossa mente e alma, ficará para sempre.
Processo criativo
Minhas próprias fotografias, milhares juntadas desde 1994, são minha fonte de inspiração. A música sempre me acompanha no processo criativo, muitas vezes moldando ou influenciando, e outras vezes sendo ela mesma minha fonte de inspiração. O estado de meu ânimo me ajuda a selecionar uma foto específica, e às vezes fico até vários dias com essa imagem na cabeça, até o dia que coloco a tela no cavalete e pego meus pinceis. Nesse momento começa a viagem de fuga.
Muitas vezes eu me sinto perdido no processo inicial da pintura, lutando para encontrar uma saída até aquele momento de clareza. Às vezes, esse momento de clareza somente chega no final do processo. A tela reflete essa viagem cheia de cores, luzes e sombras, otimismo, nostalgia, lembranças, mistérios, sentimentos gerados a partir de músicas inspiradoras, lugares distantes e vazios, uma visão surreal e inconsciente de momentos e lugares que tenho conhecido e experimentado. Pinturas dos impressionistas Claude Monet e Camille Pisarro, os neo-impressionistas Paul Signac e Henri-Edmond Cross, e o pós-impressionista Vincent van Gogh servem de inspiração para minhas viagens.
Eu busco inspirar quem vê meu trabalho a olhar com mais atenção o mundo ao seu redor, a descobrir a beleza em lugares, momentos e objetos comuns. No entanto, eu sou só um passageiro em primeira viagem e sei que muita coisa ainda está por vir.
As pinturas são realizadas com tinta acrílica sobre tela.
Diego Ducart”
Apresentação de Amanda Victória Franciscon:
“Meu nome é Amanda Victória Franciscon, tenho 20 anos e estou cursando o terceiro ano em Artes Visuais na Unicamp, focando meus estudos em projetos de democratização do ensino das artes no Brasil e na integração arte-tecnologia. Ingressei no curso no primeiro semestre de 2021, ainda durante o período de pandemia do Covid-19, por isso vivenciei os primeiros anos da graduação de uma forma muito diferente da maioria dos meus veteranos. A situação na qual nos encontrávamos - trabalhando de casa, sem ateliês apropriados - fez com que, na minha experiência, tivéssemos um desfalque muito grande no estudo de diversas técnicas de produção artística. Ao passo que meus professores sempre fizeram um ótimo trabalho em lapidar a dimensão conceitual dos alunos no EAD, eu sentia que havia chego no segundo ano de curso sem explorar propriamente as técnicas de pintura. Dessa necessidade surgiu a série "Estudos em cor, textura e movimento" onde exploro esses três aspectos em diversas dimensões. Ao passo que venho desenvolvendo ao longo dos anos uma poética muito ligada a temas sóbrios, explorar uma abstração colorida se deu como um processo profundo de aprendizagem. A presente série foi produzida ao longo de meses, foi objeto de autoanálise, foi forma de expressão, foi cor, textura e movimento.”
Amanda Victória Franciscon
Imagens: arquivo pessoal