Haja vista as representações generalistas e caricatas sobre o continente africano que são produzidas, há décadas, pela indústria cultural e pelos meios de comunicação dos países ocidentais, cabe à ciência geográfica a tarefa de estudar os territórios africanos e apresentá-los ao mundo em suas complexidades, considerando aí a particularidade dos arranjos historicamente forjados entre as forças produtivas e as relações de produção, nas diferentes sociedades e espaços geográficos do continente. Diante dessa necessidade, este artigo apresenta o conceito de formação socioespacial – desenvolvido por Milton Santos na década de 1970 – como uma possibilidade de construir uma “Geografia dos países africanos”. O conceito em questão também é capaz de servir como um partido de método, de modo que o artigo também apresenta um percurso investigativo exploratório sobre a formação socioespacial de Gana, considerada aqui como um estudo de caso. Conclui-se que a formação socioespacial é um conceito capaz de promover uma interpretação complexa dos territórios constitutivos do continente africano, auxiliando na desconstrução de representações pejorativas amplamente difundidas. A instrumentalização do conceito pode ser de grande valia não apenas para a internacionalização da Geografia Brasileira, como também para a ampliação da difusão dos conhecimentos sobre os países africanos, conhecimentos esses que contribuem para a consolidação dos conteúdos ensinados nas escolas do país e que são aderentes ao cumprimento da Lei 10.639, de 2003.
Palavras-chave: formação socioespacial, continente africano, Gana