
Vinícius Carluccio de Andrade, estudante de Geografia do Instituto de Geociências foi agraciado com Menção Honrosa Bolsista de Iniciação Científica no 22º Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica, na área de ciências humanas e sociais, letras e artes, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O estudante é orientado pelo docente Vicente Eudes Lemos Alves, do Departamento de Geografia. A Unicamp ganhou na categoria Mérito Institucional. A cerimônia de premiação ocorrerá na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) em Recife (PE), durante a 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a ser realizada entre 13 e 19 de julho.
O Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica, concedido anualmente, laureia estudantes de graduação bolsistas de iniciação científica e tecnológica do CNPq que tenham se destacado sob os aspectos de relevância e qualidade do relatório final. A pesquisa de Andrade tem como título "A Guerrilha do Araguaia para além da Comissão da Verdade: persistência da tensão com o avanço do agronegócio no Pará, Maranhão e Tocantins". “Dez anos depois da publicação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, nós nos debruçamos sobre aquilo que a documentação não conseguiu apreender. Verificamos a continuidade da violência no campo, nítida através dos conflitos fundiários e dos assassinatos. Para além de uma justiça de transição falha e incompleta com o fim da Ditadura Militar, jamais punindo os torturadores, revelamos que as barbáries tiveram e têm uma dimensão territorial e, portanto, devem ser estudadas pela Geografia”, explica o estudante.
De acordo com Vinícius Andrade, o prêmio reforça a importância de se utilizar conceitos como "campesinato" e "agronegócio", palavras que, segundo ele, são políticas e não podem ser esquecidas. “É um estímulo para continuarmos nossas pesquisas, engajadas e preocupadas com a transformação social”, diz. Para ele e seu orientador, esse é o reconhecimento que vem sendo construído ao longo dos anos. “Não é uma vitória individual, apenas minha e do meu orientador, mas sim coletiva. É uma premiação que reafirma a capacidade explicativa da Geografia, especificamente da Geografia Agrária Crítica sobre as realidades contemporâneas da hinterlândia brasileira”, celebra Andrade, que vem investigando as influências da Guerrilha do Araguaia no contexto histórico da Ditadura Militar Brasileira e seus reflexos nos dias de hoje sobre o sindicalismo e os conflitos rurais na região da Amazônia Oriental, bem como no resgate da memória dos combatentes da guerrilha.
“Somos profundamente gratos ao CNPq. Sem seu financiamento, não haveria pesquisa nem possibilidade de surgimento de novas gerações de pesquisadoras e pesquisadores com capacidade de proposição de novas perspectivas de avanço tecnológico, econômico e social no Brasil”, celebra o graduando em Geografia. “Assim, o CNPq, com prêmios como este, garante que mais jovens se envolvam na pesquisa desde o início da graduação e se comprometam com uma ciência mais crítica e democrática”, finaliza.
Por Eliane F. Daré
Foto: arquivo pessoal