Os objetos informacionais empregados no campo brasileiro se difundem e ampliam sua participação em diversos ramos produtivos. No setor do agronegócio, esse sistema de objetos técnicos, envolvendo sensores, equipamentos e máquinas, conectados digitalmente através da Internet das Coisas (Internet of Things ou IoT), permite o compartilhamento de grandes volumes de dados dos mais variados tipos com grande fluidez, alimentando diversas etapas do processo produtivo, tais como detecção e monitoramento de atividades agropecuárias, processamento industrial de alimentos e análise preditiva das variáveis meteorológicas. As operações são realizadas remota e automaticamente por equipamentos como smartphones, tablets e maquinários agrícolas computadorizados e equipados com GPS. A partir do advento da Internet das Coisas, o ritmo de crescimento da produção de dados e sua velocidade de transmissão aumentam exponencialmente e demandam a conexão dos estabelecimentos rurais e etapas da produção às redes de telecomunicações. A análise dos agentes envolvidos no desenvolvimento, difusão e conexão desses sistemas e a avaliação de seus impactos na produção agropecuária permitem visualizar dois processos complementares e contraditórios no campo brasileiro: 1) o aprofundamento das desigualdades, decorrente da difusão social e espacialmente seletiva das tecnologias digitais; 2) a potencial mitigação dos efeitos deletérios da primeira tendência, isto é, das disparidades entre os agentes do circuito superior e do circuito inferior das economias agrárias, por meio da difusão e banalização do uso das tecnologias da informação e infraestruturas de internet no contexto da agricultura familiar, valorizando os conhecimentos diversos de pequenos e médios produtores e cooperativas.
Palavras-chaves: agricultura familiar; agronegócio globalizado; agtechs; internet das coisas, território brasileiro